A maldição de Cassandra no ambiente das empresas

Nos ultimos anos, venho vivenciando em vários ambientes coorportativos e empresariais, algumas repetições de padrões de comportamento e descisões.

Já participei de empresas com acertos e principalmente de erros. Mas em muito casos, fracassos e más decisões que poderiam ter sido evitados. E ao circular por outras empresas, seja como funcionario, ou atualmente como Consultor, as más decisões se repetem. Me sinto como um oráculo, fazendo precisões dos resultados daquelas decisões, os problemas e quais seriam as soluções.

E como sempre fui curioso, procurei profissionais em orientação de carreira, outros consultores que também atuam dentro dessa parte de consultoria em gestão empresarial, e os relatos são os mesmos: Existe um padrão de repetição em comportamentos. E como consultor, seu trabalho é orientar sobre o que vai dar certo para a empresa, e também, sobre o que não irá funcionar.

Mas parece que as palavras proferidas pelo consultor são vistos como uma profecia que nunca irá acontecer. O mesmo acontece com os gestores e analistas da empresa, que tem a mesma impressão de que, tudo que apontam, são meros desvaneios, e nunca irão acontecer.

Nasce então o Complexo de Cassandra!

Sobre o Mito

complexo de Cassandra, também chamado de síndrome de Cassandra ou maldição de Cassandra, ocorre quando várias predições, profecias, avisos e coisas do tipo são tomadas como falsas ou desacreditadas veementemente.

Basicamente, esse complexo se aplica a pessoas que, apesar de estarem dizendo a verdade, são tomadas como mentirosas, ou quando uma pessoa, visando o melhor, avisa e dá conselhos, mas têm seus conselhos ignorados.

No Livro, Competência Analítica (José Luíz Carlos Kugler, 2013), foi meu primeiro contato com esse termo do Mito de Cassandra.

Dentro desse primeiro capítulo do livro, ele menciona esse termo dentro de um cenário, em que as empresas persistem em erros gigantescos e monumentais, diante de um ambiente onde existem tecnologias e conhecimentos suficientes para analisar, mitigar e, em muitos casos, evitas as consequências negativas desses erros.

O autor acredita que existe um paradoxo, já que existe um fácil acesso a quase todo tipo de dados e sofisticadas ferramentas de análise. Num trecho citado do autor Russel Ackoff, ele alerta:

Tentar fazer da forma certa algo fundamentalmente errado resulta, inevitavelmente, em fazer coisas ainda mais erradas, embora de maneira mais acelerada. Ajustes aplicados a situações que apresentam falhas estruturais produzirão situações que continuarão falhas, mas que passarão a exibir uma aparência de normalidade e certa eficiência.

Resumindo, o autor do livro afirma que continuamos a produzir uma quantidade assombrosa de “Falhas Inteligentes”, que são falhas provocadas por gestores bem remunerados, bem informados e bem motivados. Mas essa contínua profusão de decisões coletivas cada vez menos sábias, é classificado como “Incompetência Habilidosa”.

As principais falhas que o autor comenta, ocorrem devido as falhas cognitivas, ou seja, tomamos decisões com vies. Os vieses mais comuns no processo de tomada de decisão, são os vieses de Ancoragem(apego ao conhecido), Inegnuidade estatística(confiar demais em eventos sem base estatísca), Framing(emocional influenciado por algumas evidência do momento), Ilusão do Controle(Otimismo excessivo), e Visão de Futuro(Visão unilateral de um cenário).

Mas o que os erros tem a ver com o mito de Cassandra?

Na verdade, tem tudo a ver!

Muitos profissionais vão se identificar com esse mito, quando lembrarem que em algum momento foram desacreditados sobre alguma argumentação ou defesa, alertando sobre possíveis problemas no futuro.

Como citado por Kugler, a “Incompetência Habilidosa” dos gestores, carregada de vies ,causam o efeito Cassandra naquele profissional, ou grupo de profissionais, que sinalizam possíveis problemas caso aquele caminho seja seguido.

É possível mitigar erros, desde que se faça as perguntas certas, ou melhor dizendo, precisamos aprender a formular as peguntas certas antes de tentar encaixar respostas em problemas que não lhes correspondem.

Talvez poderiamos seguir alguns passos:

  • Identificar de forma clara as razões do problema, e evitar tantos erros;
  • Mitigar qualquer vies na tomada de decisão;
  • Aceitar as evidência que sinalizam tendências ou contextos diferentes daquele a que está acostumado;
  • Imaginar possíveis cenários, com trajetórias diversas, que lhe faça entender as premissas que levaram aquilo;
  • Provocar, influenciar e conviver com as transformações que esses passos irão criar.

Os profissionais que o cercam, podem lhe ajudar a entender que sua visão pode conter um vies que vai atrapalhar nas decisões coletivas. Principalmente, quando os argumentos que ele usa, são seletivos, usados para fundamentar seu ponto de vista e decisão.

Use e abuse dos profissionais que podem lhe ajudar com isso. Preciso excluir o mito da Cassandra das empresas.

Na pior das hipóteses, você irá aprender uma nova forma de exergar as coisas.

Write A Comment